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  • Foto do escritorTeresa Gomes

O que tens de saber sobre vinhos Licorosos Portugueses



Há pessoas que os chamam Licorosos, vinhos “de sobremesa” ou Fortificados, além de Generosos.

E quando os pedes no restaurante ou garrafeira fazes-te entender, contudo, nem todos os Licorosos são Generosos e podes até querer beber um Fortificado de aperitivo. Confuso? A partir de hoje vais ficar garantidamente a saber as diferenças entre eles.



Para entenderes melhor o que são vinhos Licorosos é importante relembrar a classificação dos vinhos.

  • Tranquilos (branco, rosé e tinto);

  • Espumantes (com gás natural - Espumante Natural, ou adicionado - Frisante);

  • Licorosos (branco, rosé ou tinto - Porto, Madeira, Carcavelos, Setúbal, Colheita Tardia, etc.).


Os vinhos Licorosos resultam de várias formas de vinificação, sendo a mais comum em Portugal, a que tem adição de álcool (aguardente, álcool vínico) durante o processo de fermentação, de modo a parar o processo de transformação dos açúcares da uva em álcool. Deste modo, o vinho fica mais doce e alcoólico do que um vinho Tranquilo.


Outro processo de parar a fermentação é com a adição de sulfuroso, tal como acontece com os vinhos Colheita Tardia.



É possível que vás encontrar alguma variação daquilo que estou aqui a partilhar contigo hoje sobre vinhos Licorosos, pois vai depender da interpretação dos métodos de vinificação ou grau de doçura.


Até aqui já percebeste serem vinhos doces e se os bebes, sabes que são igualmente ricos em álcool. Todavia também os há de sabor seco, como alguns Portos Brancos, Madeiras ou licorosos dos Açores.



Vinhos Licorosos não são só para a sobremesa!

Embora chamados por vezes de vinhos – De Sobremesa, creio ser redutor colocar o momento de consumo destes magníficos vinhos no final da refeição. Porque há os que são secos e como tal ideais como aperitivo ou para acompanhar entradas.


Por isso mesmo prefiro usar o classificativo – Licoroso, não importa o seu grau de açúcar.

A minha experiência disse-me ao longo dos anos que esta divisão entre Tranquilos, Espumantes e Licorosos é mais fácil de compreender e prática, porque é também a base da arrumação dos vinhos na maioria dos supermercados e lojas, logo vai também facilitar o teu processo de compra de vinhos.


Já nos restaurantes vais invariavelmente encontrá-los todos juntos no final da Carta de Vinhos. Doces e secos misturados e quando o número de referências não abunda, juntam-lhes os licores.



Sabes a diferença entre um licor e um vinho Licoroso?
Um licor nada mais é do que o resultado da infusão de frutas, plantas, raízes, natas, etc. em álcool e açúcar através de vários processos. Como tal é uma bebida alcoólica, de textura algo densa na boca e aveludada, muitas das vezes doce, tal qual um vinho Licoroso.


Há 4 vinhos Generosos em Portugal

São os vinhos Licorosos cuja proveniência é uma Denominações de Origem Controlada (DOC) especifica para a produção dos mesmos. São eles os vinhos do Porto, Madeira, Carcavelos e Setúbal. Ou seja, a DOC foi criada exclusivamente para a produção destes vinhos. A mais antiga é Porto, desde 1756 e a seguir em 1908 foram criadas as denominações de Setúbal, Carcavelos e Madeira.



Assim não vais encontrar vinho branco, rosé ou tinto DOC Setúbal, ou DOC Madeira, por isso há vinhos e Espumantes DOC Douro e não DOC Porto, já que a área geográfica é a mesma.

E em vez de DOC Carcavelos, os vinhos Tranquilos lá feitos, passam a Regional Lisboa.

Para destacar estes vinhos Licorosos com denominação de origem, chamamos - Generosos.



Muito importante referir que os vinhos Licorosos de Moscatel produzidos em Alijó e Favaios na região do Douro são igualmente famosos e com uma longa tradição. São engarrafados como DOC Moscatel do Douro.


E no Alentejo há a tradição de se fazer vinhos fortificados tintos, tal qual os vinhos do Porto, chamam-se simplesmente de Licorosos. Tal como outros vinhos doces de Moscatel que possas encontrar de outras origens Portuguesas que não as mencionadas.



Vinhos Generosos em destaque na televisão

A convite do canal televisivo RTP2 participei no programa Sociedade de Civil sobre a temática – Vinhos Generosos.


Também foram convidados:

  • Joana Vida (Venâncio da Costa Lima);

  • Miguel Ferreira (Adega de Favaios);

  • Dirk Niepoort (Niepoort);

  • Alexandre Lisboa (Villa Oeiras);

  • Francisco Albuquerque (Blandy’s);

  • Virgilio Loureiro (Enologo).

Foi um prazer fazer parte deste grupo de pessoas que admiro e com as quais, algumas cruzo-me desde os meus primeiros tempos no sector do vinho em 1997 e com todas elas, eu aprendo sempre muito. Pois, embora tenha começado a trabalhar com Vinho do Porto, os outros Licorosos apaixonam-me igualmente e bebo-os a todos com regulariedade.


Foi mais de uma hora de conversa muito bem conduzida pelo apresentador Luís Castro.

O link para veres o programa na íntegra é este AQUI.




Como servir e apreciar

Como Escanção coube-me a mim no final do programa indicar as melhores formas de consumo dos vinhos Licorosos aí em casa.



Atenção ao copo que usas e a que temperatura bebes o vinho!

Esquece os copos pequenos, tipo dedal e usa um copo a vinho branco! Os vinhos Licorosos são ricos em aromas e precisam de espaço no copo para se revelarem ao teu nariz.


Da mesma forma a temperatura tem de ser cuidada, coloca-os no frigorífico, não importa se Licoroso branco ou tinto e bebe-os refrescados. Para mais uma vez sentires todo o aroma e sabor e o álcool não marcar a boca. A persepção de doçura será igualmente menor.


  • Brancos secos 9-12.ºC

  • Brancos doces 7-8.º C

  • Tintos jovens 15-17.ºC

  • Brancos /Tintos envelhecidos em madeira 12-14.ºC


A dose a servir é habitualmente de 7cl.


Dada a riqueza alcoólica, eu recomendo sempre comeres algo, desde umas azeitonas verdes com um Porto Branco Extra Seco, queijo de ovelha de pasta mole (amanteigado) a acompanhar um Moscatel Setúbal datado, patê de aves e um Madeira Verdelho 5 Anos ou um pudim de ovos com Carcavelos 10 Anos.



Quando o Licoroso é seco ou extra-seco o momento ideal será sempre antes da refeição como aperitivo, com pequenas entradas ou à mesa com a entrada. Vinho Licorosos brancos ou tintos envelhecidos, sem ano de colheita no rótulo também têm lugar no início da refeição.


Em relação às harmonizações joga com as combinações doce/salgado, lembrando que se optares por uma sobremesa o vinho deve ser mais doce do que ela.

Se for uma sobremesa de chocolate rico em cacau um Porto Ruby Reserva, já se for de chocolate de leite, um Tawny 10 anos ou um Moscatel Setúbal.


Vinhos licorosos com longo estágio em madeira, sobretudo se datados, por si só são um óptimo digestivo. Caso sejas fumador, opta por uma cigarrilha ou charuto.



No final a garrafa não ficou vazia, está tudo bem, não há desperdício.

A riqueza alcoólica e o açúcar, vão preservar o vinho durante mais tempo, do que se fosse um vinho Tranquilo.

Apenas terás de retirar o ar de dentro dela, recorrendo a uma bomba de vácuo e depois colocar a garrafa de volta no frigorífico. Se o vinho não for filtrado poderás apreciá-lo ao longo de 2 a 3 semanas, se filtrado 2 a 3 meses.



Para ficares a saber ainda mais sobre vinhos Licorosos, agenda agora uma AULA ONLINE comigo aqui. Iremos ter uma conversa deliciosa!








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