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  • Foto do escritorTeresa Gomes

Conheces a definição de Terroir?

Garantidamente já ouviste esta palavra vinda da boca de um produtor de vinhos, ou leste em alguma revista. Aparece também muitas vezes nos contra-rótulos das garrafas de vinho.

O que é o Terroir? É uma das perguntas que mais vezes fazem-me nos cursos de vinhos e nas redes sociais. A resposta não é curta, ou não fosse o Terroir o conceito mais complexo do mundo do vinho.


Com origem na palavra “terre” significa muito mais que terra, solo ou terreno. Numa primeira abordagem pode-se dizer que Terroir engloba solo, clima, plantas e animais que existem no ecossistema.

Porém as pessoas que fazem o vinho, as decisões que tomam na vinha e na adega, mais a tradição, também estão presentes no conceito de terroir.



Uma forma de entender o Terroir é pensares no refrigerante que costumas beber. Não importa em que fábrica foi feito, ou onde sequer essa fábrica está localizada, esse refrigerante sabe sempre ao mesmo.

O mesmo acontece com vinhos “de marca” por vezes produzidos em larga escala, não importa o ano ou a origem, sabem invariavelmente ao mesmo, tal qual o teu refrigerante favorito.

Terroir é uma palavra originária de França, porém mesmo que tenhas aprendido Francês na escola, não é suficiente. Terroir não significa – terreno. Não existe uma palavra Portuguesa, Italiana, Inglesa ou em qualquer outro idioma que traduza Terroir na precisão. A palavra reúne vários conceitos reais e outros mais “filosóficos”. Vamos lá procurar “traduzi-la”.

Conceito

Terroir é um conceito que relaciona as condições onde a videira está plantada com os atributos sensoriais do vinho - cor, aroma e sabor. O seu estudo numa base científica torna-se complexo porque há muitos factores envolvidos

Terroir é a elevação do terreno, a exposição solar, o solo, o subsolo, a drenagem de água e o clima.

São factores que, por exemplo, o produtor tem de conhecer e ponderar quando decide quais as castas a plantar naquele local. Por isso é muito empregue quando ele se refere à localização das suas vinhas.

O conceito de Terroir inclui a ideia que cada área de terreno tem características únicas que mais nenhuma outra tem no país ou no Mundo. Logo os vinhos são igualmente únicos e expressam o Terroir através de aromas e sabores diferenciadores.

Mais, imagina um produtor de vinhos que planta uma vinha com a tua casta favorita no lado da colina virado a Sul, e planta a mesma casta na vertente Norte. No final vai ter dois vinhos significativamente diferentes.


As uvas para amadurecerem precisam de duas coisas – sol e água. A quantidade que obtêm e quando, fará com que o produtor e tu no teu copo, tenham dois vinhos bastante distintos. Mesmo sendo as uvas provenientes da mesma quinta.

Indo mais a fundo, falar de Terroir é falar de um conjunto de factores como topografia, geologia, pedologia, drenagem, clima, microclima, castas, intervenção humana, cultura, história e tradição.

O Homem

Muito importante é também a acção do Homem, sem ele a videira não teria sido domesticada nem hoje haveria áreas imensas de vinha plantada. Ao longo dos séculos fez também uma selecção das castas mais aptas à produção de vinho de qualidade.

No início optou por deixar os terrenos mais férteis para culturas como os cereais e plantou videiras nos solos pobres e pedregosos. Pois, cedo percebeu que a videira é uma planta com poucas necessidades de recursos hídricos ou de nutrientes.

Sendo que o vinho rapidamente perdia a qualidade com o transporte, houve a necessidade de plantar vinhas onde o acesso e distribuição do vinho fosse fácil e rápido.

As vinhas cresceram numa primeira fase, com os Romanos, junto a rios navegáveis. Mais tarde com os mercadores e negociantes junto de portos de exportação e centros populacionais. Actualmente sobrevivem as “regiões” (e castas) que mostraram fazer vinho de qualidade.


Terroir não é regionalismo

Quando falamos das características que cada região dá ao vinho baseámo-nos nos mesmos factores e, nessa altura podes facilmente compreender e identificar o estilo de vinhos conforme a origem.

  • Solo

  • Clima

  • Altitude

  • Castas

  • Praticas agrícolas


Embora não devas afirmar “o terroir da região”. Não confundas terroir com regionalidade ou tipicidade de terrenos. Contudo, uma vez conhecendo as características de cada região vitivinícola mais facilmente vais compreender e identificar o estilo do vinho e a sua origem.

Por exemplo, em Portugal ao escolheres um vinho tinto de uma região junto ao Atlântico como Lisboa vais apreciar sensações diferentes na tua boca (acidez, frescura) ao invés de beberes um vinho de Trás-os-Montes (corpo estruturado, álcool), mesmo que ambos os vinhos sejam feitos a partir da mesma casta.


Conclusões

É importante entender que a maioria dos vinhos não tem Terroir.

As uvas que originam um vinho com Terroir vêm de um local específico, seja uma quinta ou uma parcela de uma vinha. Logo a quantidade de vinho produzida não é possível de ser aumentada.

Como curiosidade deixa-me dizer que há uma quinta na região do Douro com 28 hectares de vinha nos quais foram identificados oito Terroirs!

Ao contrário, os vinhos “de marca” são produzidos a partir de uvas provenientes de vários locais, que podem variar de ano para ano.

O volume da produção também aumenta (ou diminui) conforme a procura do mercado.

O Terroir só pode ser entendido quando o solo, o clima e a videira são levados em consideração simultaneamente pelo homem. É o melhor da natureza com o melhor do homem. Por isso o Terroir é o conceito mais complexo do mundo do vinho.

Ao entenderes os pressupostos que fundamentam o conceito Terroir já estás a saber muito mais que a maioria dos consumidores de vinhos e acredito que agora vais passar a dar mais atenção à origem do vinho que bebes.

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Provavelmente tens a tua região favorita, contudo também já percebeste que nem todos os seus vinhos são iguais… como saber a diferença apenas olhando para a garrafa? E mesmo que não tenhas uma preferência, quantas vezes escolhes o vinho pelo preço ou pela garrafa que tiver o rótulo mais bonito?

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