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  • Foto do escritorTeresa Gomes

O que são para ti vinhas velhas?

Já vinha há algum tempo para escrever sobre vinhas velhas. O que são e qual a idade que devem ter, são perguntas que me fazem habitualmente nos cursos de vinhos.


Certamente já viste em vários rótulos de garrafas de vinho as palavras – Vinhas Velhas. E à tua maneira imaginaste videiras baixas de tronco largo e tortuoso com alguns (poucos) cachos de uvas pendurados.

Recentemente realizou-se uma conferência online totalmente dedicado ao assunto. Ouvi viticultores e enólogos de Portugal, Espanha, Itália, Líbano, África do Sul e Estados Unidos da América que partilharam o seu conhecimento e abordagem às vinhas velhas. Fiquei ainda mais entusiasmada com o tema.


The Old Vine Conference Limited é uma empresa sem fins lucrativos. O objectivo é aproximar os profissionais e consumidores de vinhos com o fim de construir uma categoria global -Vinhas Velhas.


"A indicação de 'vinha velha' nos rótulos de vinho ainda é rejeitada por alguns profissionais da comunicação como lago infundado. A pesquisa que fizemos indicou que mesmo os entusiastas do vinho altamente envolvidos e muitos profissionais do vinho, desconhecem o valor e a ameaça das vinhas velhas." (fonte: The Old Vine Conference)

Os oradores defenderam novas práticas agrícolas na vinha com vista a regenerar as vinhas velha e a potenciar uma vinha jovem para a idade sénior.

A importância da poda de Inverno com cortes pequenos para regenerar a videira no ciclo seguinte em termos de madeira nova, respeitando o fluxo da seiva, tornando-a mais energética e produtiva, mesmo que “velha”.



Vinhas velhas não são tão comuns. Tipicamente, foram substituídas por videiras jovens e que produzem uma maior quantidade de uvas por ano. Existem também incentivos em vigor pela Comunidade Europeia para fornecer apoio monetário no arranque de vinhas velhas para plantar novas.


Relembrar que a videira é uma planta selvagem e se o viticultor a quiser domar totalmente, tal como a um animal selvagem num circo, vai perder a sua personalidade e provavelmente produzir pouco ou deixar de produzir (vinha velha). Por isso é preciso interpretar cada videira e não a vinha no seu todo e compreender para onde ela quer crescer para se tornar adulta, saudável e uma velhinha feliz sob o olhar do Homem.



O objectivo do congresso online foi, como referi antes, o de alertar para o facto das vinhas velhas não serem visíveis ou reconhecidas aos olhos de alguns profissionaise dos consumidores e ser preciso mudar isso.

“A estrutura da indústria global do vinho supera as probabilidades da viabilidade comercial regenerativa das vinhas velhas. Como resultado, vinhas velhas e saudáveis ​​de ressonância cultural e potencial qualitativo único são perdidas porque não podem ser feitas para pagar (fonte: The Old Vine Conference).

Porque as vinhas velhas são um património que se deve preservar. Há uma riqueza de variedades de uvas (castas) e leveduras indígenas que vão promover a fermentação sem percalços. Os Enólogos no congresso também disseram que são uvas fáceis de vinificar e os vinhos sabem realmente diferentes, têm caráter com "V" grande.


Talvez perguntes - os vinhos de vinhas velha são mais caros do que os outros? Na maioria das vezes, sim, mas muito menos do que tu podes estar pensando. Vinhos velhos são geralmente mais caros do que outros tipos de vinho porque muitas dessas vinhas produzem menos uvas e o custo da mão de obra também é mais alto (poda, vindima manual, etc.). Na conferência, alguns enólogos afirmaram que só aumentam o preço dos seus vinhos de vinhas velhas em 30%.



Para não perdermos tudo isto para sempre é preciso identificar as vinhas velhas e protegê-las, o que passa por identificar os vinhos e promovê-los. Estes vinhos podem até elevar o nome de um produtor ou região e ser o facto diferenciador.

No final não se chegou à conclusão, a partir de que idade uma vinha é velha.

Se fizeres essa pergunta, vais ter várias respostas. Cada produtor de uvas (viticultor) e Enólogo vai dar uma resposta com base na sua região e experiência profissional.


Porém deixa-me dizer que nós Portugueses devemos ficar vaidosos pelo facto do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) ter dados os primeiros passos em Dezembro passado, na criação do designativo de qualidade - Vinhas Velhas, para vinhos de Denominação Origem Controlada (DOC) Douro, Regional Duriense e Vinho do Porto.

As vinhas têm de ter algumas características para o vinho passar na certificação da câmara de provadores e poder ostentar no rótulo este novo designativo.

  • Mais de 40 anos de idade;

  • 5 mil pés de videira por hectare;

  • Mínimo quatro castas.

É um grande passo para se começar a organizar e valorizar o património vinícola Português.

Agora conta-me, já bebeste algum vinho de Vinhas Velhas? Qual foi e de qual região?



Fotografia: vinha velha na Herdade Barranco do Vale na região do Algarve.


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