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  • Foto do escritorTeresa Gomes

Como harmonizar vinhos com comida vegetariana


Uma regra “clássica” das harmonias gastronómicas diz que os vinhos brancos acompanham pratos de peixe e os vinhos tintos são para os de carne… e se a refeição for constituída por pratos vegetarianos? Qual garrafa de vinho deves abrir?


As opções de alimentação vegetariana e vegan são hoje variadas, coloridas e saborosas.

Totalmente diferente de quando, um par de anos antes de começar a trabalhar no sector dos vinhos (1997), optei por uma alimentação praticamente vegetariana, a qual mantenho até hoje.

Na altura, num restaurante podia escolher entre uma salada de alface e tomate ou uma omelete!

Desde há uns seis anos, devido ao aumento dos turistas, dos estrangeiros que decidiram vir viver para Portugal, dos Portugueses ficarem conhecedores do que é alimentação saudável e sustentável, com algumas “modas” pelo caminho… a verdade é que a oferta de espaços que oferecem refeições vegetarianas e veganas cresceu em quantidade e qualidade.


A juntar há inovação, técnica, novos produtos e até gastronomias de outras paragens, estão agora ao nosso acesso num restaurante ao até no supermercado. Enquanto os outros restaurantes começaram igualmente a incluir opções vegetarianas além do peixe e carne.

Hoje posso (podemos) escolher entre almôndegas de lentilhas, beringelas recheadas, caçarola de lentilhas, cannelloni de beringelas com requeijão, caril de batatas e ervilhas; hamburgueres de soja, leguminosas e cereais, lasanha e até Francesinha vegetariana, Mousaka de feijão, pasta Caponata, Tabbouleh, estufado de tofu com legumes, Tortilla de curgete e queijo, tomates recheados e as inevitáveis Bowls (salada!).


E quanto ao vinho?

Pois… a maior parte destes espaços opta por não servir bebidas alcoólicas. Outros, vinhos Biológicos ou Naturais. Poucos têm o que se pode chamar de facto uma Carta de Vinhos.

Também não vi até hoje a oferta de vinhos, cerveja ou Cocktails “sem álcool” e não será por falta de produtos.

A oferta já existe em Portugal com os vinhos branco, rosé e tinto sem álcool 0%riginal desde o início de 2020, além de cervejas e espirituosos também sem álcool. Este mês foi até lançada uma loja online com todo este tipo de bebidas sem álcool.


Partindo do princípio que há vinho disponível, qual escolher?

Como sempre pondera a textura do prato versus o corpo do vinho, considera igualmente o molho.

Comida vegetariana tende a ser mais leve, procura vinhos elegantes, e aromáticos. Desta vez põe de lado os “grandes vinhos” sejam brancos ou tintos.

Com sabores de frutos vermelhos frescos, o vinho rosé é um óptimo contraponto para os sabores subtis da comida vegetariana no seu geral. Sobretudo se for um prato servido fria ou com molho agridoce.

Mas se o que vais almoçar ou jantar é mesmo uma Bowl, afinal os dias quentes estão aí, então fica a saber que a tarefa vai ser difícil, porque saladas há de facto muitas!

Ao escolher o vinho considera os ingredientes principais e não apenas o facto de ser uma “salada”. A casta Síria (Beira Interior) é uma boa escolha para uma salada à base de vegetais.

Já se a salada tiver queijo (ou abacate), considera um vinho branco mais encorpado, do Alentejo, por exemplo, ou mesmo um espumante natural da Bairrada para contrabalançar a cremosidade do queijo. E, porque não fazer uma vinagreta com sumos de citrinos em vez de usares vinagre? Vais ver que fica muito mais fácil de casar o teu vinho favorito com a Bowl de eleição.

Caso a tua preferência vá para vinhos tintos, deves então escolher pratos vegetarianos com textura e molho denso. Tens de ter algo “para trincar” e dar luta aos taninos, contudo escolhe um vinho que não seja demasiado encorpado. Vinhos varietais de Castelão, Rufete, Tinta Miúda ou Jaen são um bom ponto de partida.




Se de lote e com alguns meses de estágio em madeira opta por pratos com cogumelos, feijão ou beringela. O clássico Caponata harmoniza na perfeição um vinho tinto porque é um prato com especiarias e tem a textura da beringela presente. Igualmente outros pratos vegetarianos confeccionados no formato estufado, guisado são amigos de vinhos tintos.

Não deixes igualmente de considerar vinhos Biológicos e com baixo teor alcoólico para uma refeição ainda mais saudável. Pensa também em vinhos locais, não apenas por questões ambientais, também porque sobretudo o que nasce lado a lado, fica bem junto à mesa.

Porque recebo muitas mensagens com dúvidas sobre vinhos Biológicos e Vegan, quero aproveitar o tema deste artigo para esclarecer o que são. Talvez tu também tenhas estas perguntas a pairar na tua cabeça.

  • Têm sulfitos?

  • O sabor é o mesmo?

  • São certificados?

Vinho Biológico

Um vinho feito a partir de uvas de agricultura biológica e que obedece a um conjunto de práticas na adega.

Não é permitido o uso de fertilizantes, pesticidas, herbicidas, fungicidas de origem química e sintética, uso de antibióticos, reguladores de crescimento e a utilização de cobre tem limite máximo.


Quanto aos sulfitos o seu uso é permitido. Numa quantidade máxima inferior aos vinhos convencionais.

Na União europeia os vinhos Biológicos têm de obter um certificado emitido por uma entidade não estatal. Por exemplo, em Portugal é a Sativa.

As diferenças na produção de vinhos convencionais e vinhos biológicos são muitas, quanto ao prazer que dão a beber, são iguais. Hoje não há nenhuma diferença de aroma e sabor.

As três principais regiões produtoras de vinhos Biológicos em Portugal são: Beira Interior; Trás-os-Montes; Alentejo. Vais encontrar estes vinhos com facilidade em lojas de produtos biológicos ou na área “saudável” dos supermercados.

Vinho Vegan?

Só por o vinho ser feito de uvas, não significa necessariamente que ele possa ser considerado um produto alimentar capaz de entrar no modo de vida Vegan - produtos que não tenham origem animal ou contenham substâncias provenientes dessa origem.

É importante referir que o vinho não tem de ser Biológico.

É prática comum os produtores de vinho usarem agentes de origem animal durante o processo de vinificação.

Sim! Na filtração e estabilização do vinho antes do engarrafamento, pode ser usado, por exemplo, gelatinas provenientes de ossos de diversos animais ou entranhas de peixe. Em substituição num vinho Vegan, tem de se usar proteína de ervilha.

Na verdade, não é muito mais que isto.

São vinhos que passam igualmente por uma certificação específica, em Portugal é a Associação Vegetariana Portuguesa que atribui. Em caso de dúvida é fácil de verificar, tal como os vinhos Biológicos, também os vinhos Vegan têm um logotipo impresso no contra-rotulo da garrafa.


Caso não estejas familiarizado com este tipo de comida ou vinhos, parte à aventura! E nada melhor do que as férias de Verão para sair da rotina.

Não faças comparações, desafia-te antes a descobrires novos aromas, sabores e sensações. O teu corpo e alma vão agradecer.


Um brinde!

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